domingo, 31 de outubro de 2010

Sem um ultimo adeus.

Um casal de namorados...

Um casal de sonhadores...

Um casal de apaixonados...

Ela tinha aquele sorriso estampado no rosto sempre, ele era um homem sério, mas mesmo assim eles davam certo.

Ela era romântica, risonha, suspirava pelos cantos, ele não sabia falar muito bem sobre os seus sentimentos.

A vida é traiçoeira, lhe joga em um mar de incertezas e dificuldades sem lhe oferecer ao menos uma ponta de esperança para você se agarrar, pra lhe confortar.

Aquele dia belo, ficou cinza de repente, aquelas nuvens negras se aproximaram com tanta ferocidade, lágrimas em meio a tempestade.

Simplesmente perder não bastava, além de perder alguém, você tem que enterra-lo. E isso, ele ainda não estava pronto pra fazer.

Ela se foi, sem que ele dissesse ao menos "adeus", ela deixou uma roupa em cima da cama, em que ela pensava arrumar depois, ele disse que traria pra ela aqueles chocolates que ela tanto gosta.

Mas ela ficou lá, respirando com dificuldades até o momento em que ele chegou, ela só precisava vê-lo mais uma vez, pra sua alma descansar em paz. Ela só precisa olhar naqueles olhos verdes de novo e dizer "eu te amo".

Na cabeça dele, passou um filme, desde o dia que se viram pela primeira vez, ela cercada de amigos, ele sozinho. Um esbarro em uma sorveteria, a blusa dele suja de sorvete de chocolate, o sorvete favorito dele é de morango. Ela se encantou pelos olhos, ele não sentiu nada em um primeiro instante... Mas se derreteu quando disse a ela que fazia balet e ela não riu.  Foi a primeira mulher na vida dele, que não zombou por ele fazer balet.

Agora, no quarto sozinho, olhando aquela caixa de bombons e esperando ouvir o grito dele, mandando ele tirar a toalha molhada de cima da cama, quantas vezes ele não resmungou quando ela fez isso? E agora, espera, como se ela fosse mesmo gritar, como se ela fosse entrar pela porta e pedir pra que ele abra o vidro de azeitonas, como se ela fosse passar aquele creme de cereja que deixava todos os lençois com o cheiro bom dela. Só restou o cheiro, ela não. Quando lavar os lençóis o cheiro também se vai...

Quantas vezes ele não se virou e não quis conversar porque estava cansado? Quantas vezes ela não quis um colo quente e ele queria assistir o futebol? Ela era colorado doente, ele um gremista radical, mas os dois davam certo mesmo assim, menos em dia de GreNal.

Quando se é só, não se sofre tanto, quando não se tem alguém perdê-lo simplesmente não dói, mas quando esse alguém lhe é arrancado, sem você ao menos dizer "adeus". Se ele a perdesse e ela fosse embora pela porta, ele não sofreria tanto, quanto sofre agora, que teve de enterra-la.

Mas além de perder, enterrar, o que mais dói nele, é que ele nunca disse a ela "Eu Te Amo Também".

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