quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Das Palavras Que Foram Ao Vento


    Eu sei, você sabe, esse discurso já está cada vez mais repetitivo e acredito que nós dois concordamos em encerrar de uma vez esse capítulo de nossas vidas.
    Mas é que hoje eu me lembrei do quanto eu me doei. Pode parecer tão pequeno pra você, pode ser tão fútil; mas eu realmente abri mão de amizades de infância pra estar ao seu lado. Abri mão do colo dos meus pais sem nem olhar pra trás.
    Comecei uma vida onde eu não era mais uma jovem despreocupada com o futuro. Eu era uma pessoa preocupada com o dia de amanhã. Trabalho, estudos, uma vida isolada emocionalmente em relação a outras pessoas. Você não sabe o que é isso, sentado no teu quarto, no conforto do seu seio familiar. Pra que você iria se arriscar também né? Pra que voar e dar de cara no chão como eu dei.
    Quando se põe a perspectiva de que eu abri mão de tudo que eu conhecia como seguro, por você, acho que o mínimo que eu esperava era um pouco mais de consideração.
Consideração por ter abdicado de tanto, consideração pelos anos que eu passei ao seu lado.
    Mas cada um sabe o que faz.
    Cada um sabe o que o faz perder o sono a noite. Se você consegue dormir bem com isso, parabéns.
   Eu sou só um foco de luz no universo, mas o meu brilho não é você quem vai tirar.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Texto de uma oportunidade que já passou.

Porque eu sei que aquele dia, naquele momento, naquele exato segundo, você me olhou e quis compartilhar comigo uma vida. Eu sei que o meu medo de me revelar e de ser magoada me impediu de dividir com você. Sei também que já é tarde demais. Mas as palavras não ditas não podem morrer comigo. Se algum dia você encontrar este texto, vai saber que é pra você. Vai saber que eu desejei compartilhar com você, mas me encontrava em um momento tão delicado emocionalmente que eu tinha medo de me machucar mais. Você foi o melhor possível namorado que eu poderia ter.

Eu sei que eu pareço dura quando você olha por fora, sei também que a nossa nudez de corpo nunca significou a nossa nudez de alma. Você carrega marcas do seu passado, assim como eu. Eu tenho feridas que ainda não cicatrizaram direito, eu tenho sonhos que foram perdidos em algum lugar. Mas a minha amiga disse que nada se perde no universo, por isso eu estou aqui.Vim te falar de tudo isso que eu tenho sentido, de tudo isso que eu guardo pra mim.
Estou disposta a compartilhar com você o meu dia, sua cama e minha alma. Eu sei que pode não parecer muita coisa, mas se você entrar no meu universo, você vai ver todas as minhas cicatrizes, todas as minhas galáxias. Eu fui feita pra amar. Eu me perdi no meio termo entre amor e dor e não consigo mais me encontrar, mas no fundo, eu sei, eu fui feita pra amar.
Enquanto você bebe uma cerveja e fuma um cigarro eu quero que você me olhe, mas não como a garota que vai estar na sua cama daqui a alguns minutos, mas como uma garota que já viveu amores e dores, que está na sua frente tentando se abrir, lutando pra que você a conheça melhor. Eu tenho um fardo muito grande, não estou conseguindo carregar sozinha, preciso dividir com alguém. Se você acha o meu corpo bonito, porque não acharia a minha alma também? Entenda, não estou pedindo pra você ser meu, estou pedindo apenas que a nossa relação seja menos mecânica e mais emocional. Estou pedindo pra poder contar com você como amigo. Porque eu sinto falta de gente, de calor humano, de risadas gostosas e do frio na barriga. Eu sei que no fundo, você quer dividir o seu fardo também, mas não sentir nada está tão na moda, que a gente brinca de se enganar. Eu não quero ver apenas o que tem debaixo da sua roupa, eu quero ver o que tem na sua pele. Não se preocupe com o peso de dividir comigo as suas feridas, duas pessoas é melhor que uma só. Que tal a gente trilhar esse caminho juntos?

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Um Retorno. Um Desabafo

A vida é uma bagunça infinita. Ponto.

Eu não consigo explicar meus sentimentos em palavras, não consigo explicá-los pra ninguém. Afinal, será que eu sei o que eu sinto?!
O que eu sinto é um punhado de coisas que não fazem sentido. Tenho sentido uma dificuldade imensa em me conectar com as pessoas. Tenho amigos tão bons, que se esforçam tanto. Mas eu simplesmente pareço estar muito preocupada com o meu eu interior quebrado em mil pedaços pra deixar as pessoas entrarem realmente em minha vida.
Ontem eu estava vendo um filme romântico, que sempre foi o meu gênero favorito na vida. Antes eu via esses filmes e suspirava. Acho que eles mexeram com a minha visão de como seria amar, acho que eles me fizeram criar tantas expectativas no romance que quando eu o vivi e que a chama apagou eu me tornei alguém frustrado. Depois veio a decepção e a dor. A maior dor que eu já senti na minha vida. Não consigo descrever aquilo, sei que doeu muito, sei que me deixou paralisada de tanto sofrimento, consigo me lembrar de tudo, menos da intensidade daquela dor. Ela foi tão intensa, que por mais que eu me esforce hoje em lembrar como era, eu não consigo. Não consigo reviver 1% daquele sentimento que eu tinha ao acordar até a hora de dormir.
Mas como eu estava dizendo, eu estava vendo um filme romântico ontem; e eu me surpreendi com o que eu me tornei; eu me tornei uma pessoa que apenas vê esse tipo de filme pra criticar. Que aquilo é uma mentira absurda e que não existe esse tipo de amor. Que não necessariamente a pessoa pela qual você faz sacrifícios vai ser a pessoa que vai ficar com você pelo resto da vida. A pessoa que vai valorizar o seu amor. Eu me tornei cética em relação ao amor, em relação a instituição burguesa chamada de casamento. Surpreendentemente, eu já consigo me ver como uma pessoa sozinha na minha velhice. A vida é uma bagunça. Basta um desastre para mudar toda a sua visão de mundo.



sábado, 23 de novembro de 2013

"Eu estou completamente apaixonada por você e odeio isso", disse a ele.
"Mas por quê? Não é gostoso ficar assim? Não é bom?", me olhou sorrindo em azul.
"É...", suspirei. Em pausas.
Ele me sorriu encantado, encantando, todo lindo, com aquele jeito imponente e quase sonso que me falta habilidade interpretar.
"Mas é que também é difícil... se sentir vulnerável", completei com quase total falta de ar. "Você me destruiria se quisesse"

Elenita Rodrigues

Sentimento

Eu o matei.
Eu o sufoquei.
Ou eu o matava, ou ele me mataria.
Eu o fiz primeiro, eu precisei.
Sufoquei ele dentro de mim, eu o engoli, eu me engasguei, o matei.
Não me pergunte por onde ele anda, pois morreu o sentimento.


domingo, 11 de agosto de 2013

Cheiro de Hortelã

E de repente aquele cheiro invadiu a sala.
Um cheiro que me faz viajar nas minhas lembranças mais profundas,
Não sei lhe dizer ao certo, de onde vinha aquele cheiro, pode ser que da prateleira onde eu organizei todos aqueles livros antigos que você adorava e que não se cansava de ler, reler...
Pode ter sido daquele canto da sala, que eu deixei do seu jeito, intocável.
Mas o fato é que ele me faz lembrar tanto de você, do seu riso, do seu olhar.
E daquelas manhãs em que você me acordava com beijinhos e pão com nutella.
Me fez lembrar daquele filme chato que você me fez assistir, e eu fiquei falando o tempo todo que preferia o  vilão ao mocinho.
E daqueles domingos de futebol, em que você ficava cantando o hino do seu time toda  vez que o meu perdia.
São tantas lembranças.
Só que hoje meu querido, quando sinto seu cheiro, prefiro ir pra cozinha e fazer um chá de hortelã.
Você sempre odiou  hortelã.

Me despi de qualquer esperança, peguei todas as expectativas frustradas e joguei no cesto, espero expectativas novas.
Liguei o chuveiro e lavei meu corpo e minha alma desta paixão, deixei ir embora até a última gota, sem sentir remorso, sem me preocupar.
Sai do banho me sentindo uma nova mulher.
Se a antiga paixão vai voltar? Não. Se fosse pra ser eterno, seria amor, não paixão

Das Palavras Que Foram Ao Vento

    Eu sei, você sabe, esse discurso já está cada vez mais repetitivo e acredito que nós dois concordamos em encerrar de uma vez esse capí...